“Continuo batendo com dois dedos e errando muito.” A frase foi dita por Jorge Amado, em 1988, quando questionado por que não trocava por uma eletrônica a sua máquina de escrever – a mesma velha máquina com a qual o escritor baiano, na base da lenta digitação a “dois dedos”, criou preciosidades como Gabriela e Tieta, traduzidas em cerca de 30 idiomas e adaptadas até hoje para cinema e teatro. O método arcaico de um dos maiores escritores da literatura contemporânea é apenas um exemplo das excentricidades que permeiam o processo de criação de muitas obras-primas por aí. Preview the files to ensure they are intact and then select the files you recover files flahdrive want to recover.
Neste post, você vai conhecer manias e rituais de outros escritores famosos antes, durante e após a escrita de um livro e perceber como o estilo de vida de alguns deles acaba dando um toque todo especial ao trabalho. Confira:
1. Nelson Rodrigues — A vida como ela é
O escritor pernambucano com alma carioca tinha prazer em ouvir “causos” e, principalmente, observar. Das histórias de vizinhos, amigos, colegas de trabalho e até desconhecidos que ouvia conversando na rua ou no ônibus, extraiu boa parte dos enredos que compõem o conjunto de contos de A vida como ela é, originalmente uma coluna de jornal que foi transposta para livro. Pode-se dizer que Nelson foi um dos poucos que soube como transformar a fofoca em estilo literário.
2. Graciliano Ramos — Memórias do cárcere
O método de trabalho de Graciliano Ramos acabou contribuindo para que as controvérsias cercassem o lançamento do seu livro póstumo Memórias do cárcere, em 1953. Nele, o escritor alagoano relata o período de 12 meses em que passou atrás das grades em função da ditadura Vargas. O problema é que Graciliano só sabia escrever à mão e fez o grande desfavor de deixar quatro versões diferentes para o livro. Como se não bastasse a suspeita de a versão original ter sido entregue misteriosamente datilografada, há também indícios de que o Partido Comunista teria editado os capítulos.
3. Hunter S. Thompson — Medo e delírio em Las Vegas
Thompson foi um ícone da contracultura norte-americana e um dos expoentes do chamado “jornalismo gonzo”, no qual a imaginação dispensa o compromisso com a veracidade dos fatos. Sua grande obra foi escrita na base de muito LSD e mescalina, causando alucinações que contribuíram para transformar Medo e delírio em Las Vegas — a princípio, uma trivial cobertura de evento esportivo — numa experiência lisérgica que chegou a ser adaptada para o cinema, com Johnny Depp no papel do escritor. Thompson se suicidou com um tiro de espingarda, em 2005, deixando um bilhete em que confessava estar deprimido.
Outro escritor do quilate de Thompson que se suicidou com uma arma (e não abria mão do álcool na hora de criar) foi Ernest Hemingway, autor do clássico O velho e o mar. É dele a célebre frase “Escreva bêbado e edite sóbrio”, que contribui ainda mais para mitificar o trabalho solitário de quem lida com a escrita no dia a dia.
Todos esses nomes, sem exceção, referem-se ao ofício como algo doloroso, que exige preparo mental e espiritual diário. No entanto, não há um deles que deixe de reclamar do vazio que os acomete assim que o livro é lançado no mundo. Fato é que a literatura, por mais que se trate de ficção, é indistinta da vida dos seus autores e tão brilhante quanto os seus pensamentos.
E então, gostaria de compartilhar com a gente algum ritual curioso do autor que mais admira? Deixe o seu comentário!