Conheça as teses do conto de Ricardo Piglia

O escritor e teórico literário argentino Ricardo Piglia transita tranquilamente entre a crítica, o conto e a novela. O autor de Nombre falso (livro de contos) escreveu sobre o gênero conto em diversas ocasiões, expondo duas teses sobre ele. Nesse post vamos explicá-las de modo que possam ser aplicadas no desenvolvimento de um conto feito por um escritor iniciante.

Ricardo Piglia, em um de seus textos, mais precisamente em Critica y ficción, escreveu o capítulo Tesis sobre el cuento, no qual expõe duas teses partindo de uma anedota registrada por Anton Tchekhov em algumas anotações: “Em Montecarlo, um homem vai ao cassino, ganha um milhão, retorna à sua casa e suicida.” Eis o esboço de um conto.

No excerto de Tchekhov, o jogador obtém um montante volumoso de dinheiro, no entanto, acontece um fato improvável: suicida-se. São, de fato, duas histórias e importa mostrar como elas se entrelaçam. Piglia analisa como seria relatada esta anedota (ambas as histórias) pelas visões clássica e moderna.

1ª tese: O conto conta sempre duas histórias 

O conto sempre conta uma história visível e outra oculta, e esta última é narrada de forma enigmática. A cada história corresponde um sistema de causalidade (diferente). As partes imprescindíveis do conto intervêm em ambas as histórias e são utilizados de forma diferente em cada uma.

A forma clássica do conto produz o efeito surpresa, quando é revelado o final da história oculta. Tal desenlace convida a uma nova leitura, focalizada na observação da segunda narrativa, a qual esteve todo tempo implícita. Algo semelhante acontece nos romances policiais ou no gênero suspense.

2ª tese: A história oculta é a chave de leitura da forma do conto e suas variações.

O autor explica que a versão moderna do conto descarta o final surpresa, relata duas histórias como se fossem uma e trabalha a tensão entre elas, sem nunca solucioná-la.

As múltiplas possibilidades de um final são encarregadas de dar sentido a esta forma narrativa. Para além do desfecho escolhido pelo escritor, o interessante é que o leitor deve desdobrar-se para resolver a história.

No conto de Jorge Luis Borges, La forma de la espada, o narrador do relato visível ouve um testemunho do protagonista da história secreta. No desfecho emerge o oculto (a história secreta). Deste modo, se narra uma história para dar lugar a outra. Diferentemente do conto de Tchekhov, No mar da Crimeia, no qual as histórias pareciam ser uma.

Algo semelhante acontece em Why Don’t You Dance?, conto de Raymond Carver, já que, por meio de sinais, é permitido ao leitor fazer suas próprias conjecturas, deixando que imagine as causas ocultas. Por exemplo, qual é a razão que leva o dono da casa a colocar os móveis no pátio, na mesma disposição que se encontram no interior da residência? É uma intenção que perdura durante todo o relato. Parece algo construído, exclusivamente, para permitir que o leitor infira o recôndito do conto e reflita.

Possivelmente, aquelas frases que aparentam estar desconectadas, as que à primeira vista não encaixam, definitivamente, são muito importantes porque vinculam o que aparece ao que se omite. Como menciona Piglia, em relação à teoria do iceberg, numa tradução livre, “o mais importante nunca se conta.”

Qual estilo de escrita é mais interessante para você: clássico ou moderno? Deixe o seu comentário a respeito.

Entenda a importância da figura do herói para histórias de sucesso

Quando pensamos na figura do herói, os primeiros nomes que costumam vir à mente são guerreiros como Hércules e Odisseu ou, ainda, personagens como os Vingadores e o Super-Homem.

No entanto, vale lembrar que o conceito vai muito além da ideia de um guerreiro que luta para proteger a justiça e o bem, sendo uma das peças fundamentais para a estrutura de uma história. Continue lendo para entender melhor a figura do herói e a sua importância!

A figura do herói

A ideia de herói tem origem nos mitos gregos, cujos guerreiros se destacam pelos seus poderes e ações que excedem a capacidade humana. Isso nem sempre quer dizer força física ou habilidades paranormais: para os gregos, atitudes altruístas e guiadas por uma lógica não egoísta eram uma demonstração do sagrado.

Talvez seja daí que venha a associação que fazemos, hoje em dia, entre a figura do herói, uma índole impecável e motivações nobres. Porém, quando falamos do herói de uma história, o conceito vai além disso.

No livro O Herói de Mil Faces, Joseph Campbell analisa uma espécie de “modelo” de herói que se repete em quase todos os mitos ao redor do mundo, com base nas teorias de Freud e Jung, fundadores da psicanálise. Desse modo, Campbell compreendeu que, na simbologia das mitologias, esse personagem representa a relação de uma pessoa com seu próprio ego e a superação dos seus limites.

Assim, um herói bem-sucedido, tanto no sentido clássico quanto na análise de Campbell, seria aquele que consegue dominar e transcender o próprio ego.

O anti-herói

Além de descrever esse modelo geral de herói (que recebe o nome de “arquétipo”), Campbell também identificou várias modalidades dessa figura que apareciam nas histórias. O anti-herói é uma das mais famosas dentre essas variações.

Como o nome indica, esse é o personagem que contraria os valores e a moral tradicionalmente associados ao herói grego, mas ocupa o mesmo papel na narrativa (vamos falar disso mais a fundo no próximo tópico). Em termos simples, trata-se de alguém marginalizado ou mal visto pela sociedade, mas com quem o público se identifica.

Esse conceito surgiu durante o período medieval e, não à toa, um grande exemplo é Macbeth, de Shakespeare. Já na literatura nacional, o personagem Macunaíma, de Mário de Andrade, é sempre lembrado. Na cultura popular atual, Walter White, da série Breaking Bad, é um dos anti-heróis mais amados.

A importância do herói para a história

Na estrutura da narrativa, o herói é responsável por causar identificação com o público. É a partir do ponto de vista desse personagem que o leitor ou espectador vai acessar e acompanhar a história.

Em muitos casos, é ele quem determina, também, os personagens secundários que entrarão em ação, pois, muitas vezes, eles representam facetas da personalidade (ou ego) do herói.

O mais comum é que a identificação com o herói seja utilizada para passar os ensinamentos ou reflexões da narrativa — quando o protagonista e o herói coincidem, aprendemos junto com o personagem.

No entanto, escritores habilidosos também podem se aproveitar dessa conexão para inverter a norma e causar tensões que enriquecem a narrativa ou dão início a reflexões no público.

Hitchcock faz isso com maestria no filme Psicose. Ao matar a suposta heroína do filme em menos de 30 minutos, ele deixa os espectadores “perdidos”, causando uma sensação de confusão e levando a audiência a se identificar com um personagem que se revela, ao final, ser o vilão da história.

Com base em tudo o que foi dito, não é exagero concluir que a figura do herói ocupa um papel central na narrativa e é responsável por fazer todo o resto se encaixar.

Tendo consciência da importância desse personagem e sabendo trabalhá-lo bem, o escritor consegue acrescentar conflitos, questionamentos e aprendizados da maneira certa para construir uma história inesquecível!

Para entender ainda mais sobre como trabalhar a figura do herói, existe um conceito imprescindível, também trabalhado por Joseph Campbell: a jornada do herói. Não deixe de conferir nosso artigo sobre o assunto!

5 elementos fundamentais para escrever um livro de suspense

Escrever um livro de suspense é o objetivo de muitos que se aventuram no fantástico mundo da ficção. Não é por menos, pois o gênero é um dos preferidos dos leitores mais assíduos da literatura universal.

Embora com estilos muito diferentes, Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Stephen King e Dan Brown são todos autores clássicos e consagrados de histórias de mistério.

E se você também quer escrever um livro de suspense, precisa compreender bem estes cinco elementos fundamentais que devem estar presentes na sua história. Confira!

1. O ponto de vista privilegiado do leitor

Enquanto desenvolve um livro de suspense, lembre-se sempre de deixar o seu leitor antecipado. Faça-o “ver” os pontos de vista tanto do protagonista quanto do antagonista.

Permitir que o leitor tenha uma visão privilegiada do desenvolvimento da história faz com que ele consiga enxergar os problemas antes do protagonista. Quem lê toma conhecimento das linhas de convergência entre o protagonista e o antagonista e sente as consequências dos perigos à frente.

Esta técnica causa tensão no leitor, permitindo que o escritor coloque uma carga emocional sobre ele. A tensão é construída a partir dos medos implicados por quem lê, pois sabe que o herói está rumando ao desastre.

2. Dilemas para a construção de tensão

O antagonista precisa jogar com o psicológico do protagonista, desafiando-o ou colocando-o à prova para difíceis escolhas e tomadas de decisão.

Um bom exemplo é quando ele tem que optar por salvar uma pessoa e deixar outra para morrer, ou quando se vê obrigado a realizar determinada ação que jurou nunca mais fazer.

O antagonista, por sua natureza inescrupulosa, ultrapassa seus limites sem pensar duas vezes. Porém, o protagonista possui suas questões morais e, como herói, ele não pode deixar pessoas inocentes morrerem sem antes lutar por suas vidas.

Um fator crucial na questão dos dilemas é que eles precisam de tempo para serem resolvidos, e com a pressão de um tempo restrito, a tensão se constrói. Portanto, use esse recurso de provocar o protagonista e sua história tem um suspense criado com sucesso.

3. O fator de tempo restrito

Já que tocamos no assunto da restrição de tempo no tópico anterior, este é outro recurso-chave para escrever um livro de suspense com muita tensão.

O protagonista precisa trabalhar contra o tempo, e o relógio deve ser um aliado do antagonista.

Nas histórias de Sherlock Holmes, Conan Doyle trabalhava este recurso com maestria. O famoso detetive tinha o relógio como seu principal inimigo, pois precisava correr contra o tempo para resolver os enigmas que, muitas vezes, envolviam vidas em perigo.

Outro exemplo bastante conhecido é no livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, quando Robert Langdon corre contra o relógio para evitar que uma bomba de antimatéria exploda e destrua toda a cidade.

4. Altas expectativas

Manter as expectativas altas não significa, necessariamente, que a história precise passar pela maior tragédia global, como a aniquilação da raça humana. Mas ela precisa ser sobre uma crise devastadora para o mundo do protagonista.

O herói deve estar disposto a fazer o que for necessário para evitar que desastres ocorram. A crise tem que se mostrar importante para assegurar que os leitores sentirão empatia pelo protagonista.

5. Recurso da pressão

Outro elemento essencial para se escrever um livro de suspense é a pressão. O protagonista deve trabalhar com probabilidades que pareçam insuperáveis. Todas as suas habilidades e forças devem ser direcionadas ao ponto de ruptura para “salvar o dia”.

O herói fraqueja, mas se recompõe diante das pressões aplicadas pelo antagonista. Deve haver somente uma pessoa deixada sob a sensação de impotência diante da história: o leitor.

Escrever um livro de suspense não precisa ser difícil. Com boas práticas e seguindo essas dicas, você conseguirá construir uma história incrível e cativante. Só não se esqueça do principal elemento para um bom livro: escrever sempre. Diariamente.

Agora, deixe um comentário aí embaixo no post e conte-nos suas expectativas para escrever seu próximo livro com muito suspense.

4 dicas de português para escritores iniciantes

Você escreve nas horas vagas e sonha em se tornar um escritor conhecido e viver da literatura, mas não sabe por onde começar? Fique tranquilo, pois este texto lhe ajudará a dar bons passos rumo à sua primeira noite de autógrafos.

Escrever bem vai muito além de ter boa imaginação e facilidade em criar histórias e personagens. Uma concordância errada, uma crase esquecida ou uma vírgula mal colocada podem comprometer o texto e a credibilidade do escritor.

Por isso, todos os escritores iniciantes precisam ficar muito atentos às regras da língua portuguesa para chegarem à categoria de escritor profissional. Sendo assim, veja o que preparamos neste artigo com 4 dicas de português para escritores em início de carreira.

1. Deve-se ficar atento à crase

Vamos começar por esse recurso de nossa língua que tanto confunde os escritores. Primeiramente, saiba que só ocorre crase antes de palavras femininas, exceto quando a palavra “moda” estiver subentendida (ex.: sapatos à [moda de] Luís XV).

Deve existir crase também quando houver informação de hora: “o lançamento do livro mais esperado do ano começa às 10h”. Mas se o horário informado for antecedido das preposições “desde”, “para” e “até”, há uma exceção: saberemos que “o horário do lançamento do livro foi alterado para as 10h30”.

Lembre-se além disso de que ocorre crase antes de locuções adverbiais que expressam tempo, lugar e modo (ex.: “à tarde, vou à praia às pressas”).

E de vez em quando, faça um teste: troque o “à” por “ao” e o substantivo feminino por um masculino. Se a nova frase estiver adequada, a original contém crase (ex.: Entreguei a carta à professora/ao professor).

2. É de boa-fé usar hífen no lugar certo 

Um elemento que também costuma dar dor de cabeça é o hífen. Então atenção!

Na junção de palavras, todos os super-heróis sabem que se a segunda começa com “h”, antes dela vem o hífen. Assim, eles sempre evitam um contra-ataque, pois sabem que também existe hífen antes da segunda palavra, se ela começar com a mesma vogal que encerra a primeira. E esse poder é super-requintado, porque ocorre igualmente no caso de mesmas consoantes.

Heroísmos à parte, lembre também que o hífen deve aparecer:

  • nas palavras antecedidas pelos prefixos “ex”, “sem”, “além”, “recém”, “aquém”, “pré”, “pós”;
  • nas palavras com sufixos de origem tupi-guarani: “açu”, “mirim”, “guaçu”;
  • nas palavras que formam encadeamentos vocabulares: “eixo Rio-São Paulo”.    

3. As aspas dizem o “não-dito”

Já leu “textos” de “escritores” que colocam “um monte” de expressões “entre aspas”? Isso pode deixar qualquer um com “dúvidas”, pois não sabemos se o autor quis mesmo “dizer aquilo” ou “outra coisa”. 

Portanto, ao escrever, não se esqueça de que as aspas devem ser usadas quando você:

  1. abrir e fechar citações (“Minha pátria é a Língua Portuguesa”, já dizia Fernando Pessoa);
  2. destacar palavras usadas fora do contexto habitual (Paulo Coelho escreve “super” bem);
  3. delimitar títulos de obras, como por exemplo, músicas e livros (A canção “Construção”, de Chico Buarque, brinca com proparoxítonas);
  4. usar estrangeirismos, gírias, expressões populares, neologismos (Antes de “deletar” as fotos, vou fazer um “backup” delas).

4. Vírgula, a rainha da separação

Uns usam demais, outros usam de menos. A vírgula costuma dar mesmo um nó na cabeça dos escritores! Mas nem por isso você vai sofrer. Use esse sinal de pontuação para:

Separar explicações dentro de uma frase

  • A vírgula, que é um elemento da língua portuguesa, tem suas próprias regras.

Separar tempo, lugar e modo em começo de frase

  • No ano passado, li vários livros de literatura

Elencar diversos itens

  • Comprei cebola, tomate, alface, palmito e azeitona.

Porém, nunca separe o sujeito e o verbo com vírgula (ERRADO: Fulano, joga bola à tarde), a não ser, é claro, no caso de vocativo (chamamento): Fulano, venha jogar bola à tarde.

Viu só como escrever não é apenas deixar o pensamento rolar solto? Para fazer com que a sua obra seja bem entendida e interpretada pelos leitores, é fundamental conhecer a nossa língua. Por isso, aproveite essas regras básicas que apresentamos e nunca se esqueça de sempre contar também com a ajuda de uma boa gramática e de um bom dicionário.

Se você quer ver mais dicas como essas, siga-nos nas redes sociais e prepare-se para o sucesso!

Conheça o estilo de literatura barroca e seus principais autores

Por volta de 1600, a cultura europeia gerou um novo estilo artístico, conhecido como barroco. A tradução literal do termo barroco significa “irregular”, que demonstra que o estilo era considerado indisciplinado para os padrões do século XVII.

Mais tarde, o barroco se tornaria popular entre as cortes reais, simbolizando o poder emergente e grandioso dos novos monarcas. Esse estilo influenciou a pintura, a arquitetura e até a música da época.

Neste post, você verá os assuntos mais importantes, como o contexto histórico, além dos símbolos, características e estilos da literatura barroca. Quer saber mais sobre esse importante tipo de literatura para ser um escritor melhor? Continue a leitura e saiba mais!

O contexto do início do século XVII

O cenário era de crise política, econômica, social e religiosa. Lutero sacudiu as bases da igreja católica na Alemanha, e Calvino fez o mesmo na França. O Brasil, a princípio, não dava o lucro que Portugal esperava, e as grandes navegações começaram o seu declínio. Resumindo: os valores renascentistas ficaram em baixa, dando espaço para uma nova proposta.

O simbolismo

Diante da grande crise, o homem é obrigado a refletir. Com a reflexão, vem o conflito. O corpo e a alma, o homem e Deus, o antropocentrismo e o teocentrismo, o bem e o mal, o claro e o escuro, e mais uma série de dúvidas povoavam a imaginação das pessoas.

Na dúvida, dois estilos

Podemos separar a literatura barroca em dois estilos:

  • Barroco Cultismo: uso da linguagem culta e muito ligado à forma. Tem como maior influenciador o poeta espanhol Luis de Góngora;

  • Barroco Conceptismo: uso do raciocínio lógico e muito ligado ao conteúdo. Tem como maior influenciador o também poeta espanhol Francisco Quevedo.

Características

As principais características da literatura barroca são: pessimismo (do pó veio, ao pó voltarás), religiosidade (o homem pecador em busca da salvação), particularismo (o que é nacional possui mais valor), feísmo (o horrível pode ser belo), entre outras. Vale ressaltar que a literatura barroca usava e abusava de figuras de linguagem, metáforas, elipses, antíteses, paradoxos e hipérboles.

Além disso, esse estilo de literatura conta com características como fugacidade, conflito entre o corpo e a alma, rebuscamento da linguagem e moralismo. Veja como isso funciona!

Fugacidade

A fugacidade é uma concepção barroca que acredita que todas as coisas no mundo são instáveis e passageiras. Ou seja, tudo quanto se conhece no mundo muda, bem como as pessoas.

Contrastes

Pode-se dizer que o Barroco é uma arte de contraste e conflito. Expressa os diversos contrastes que regulam a experiência e existência humana, como: corpo x alma; vida x morte; fé x razão; Deus x Diabo. É possível ver esses contrastes nas produções barrocas, usando o jogo, palavras, conceitos e contrastes de imagens. Entretanto, os artistas não desejam apenas mostrar os contraditórios, mas também trazer conciliação. 

Rebuscamento da linguagem

A linguagem barroca é rebuscada e extremamente trabalhada. Utiliza diversos recursos de estilo, além de trabalhar com figuras de linguagem, hipérboles, antíteses, paradoxos e metáforas.

Moralismo

Como era utilizada por padres jesuítas com o intuito de pregar a religião e a fé cristã, a literatura é apresentada de forma moralista.

O Barroco no Brasil

Logo em 1601, o escritor Bento Teixeira publica a épica Prosopopeia.

Trecho de Prosopopeia:

A Lâmpada do Sol tinha encuberto,

Ao Mundo, sua luz serena e pura,

E a irmã dos três nomes descuberto

A sua tersa e circular figura.

Lá do portal de Dite, sempre aberto,

Tinha chegado, com a noite escura,

Morfeu, que com subtis e lentos passos

Atar vem dos mortais os membros lassos.

Outro autor que ficou marcado no barroco nacional foi Gregório de Matos, o famoso Boca do Inferno.

Trecho de Triste Bahia:

Triste Bahia!

Ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.

O advogado e poeta barroco Manuel Botelho de Oliveira foi o primeiro autor nascido em solo brasileiro a publicar um livro.

Trecho de A Vida Solitária:

Que doce vida, que gentil ventura,

Que bem suave, que descanso eterno,

Da paz armado, livre do governo,

Se logra alegre, firme se assegura!

Frei Vicente de Salvador foi um historiador, cronista e religioso baiano. Ele exerceu cargos de cônego, governador do bispado do estado e vigário-geral. Uma das suas obras mais conhecidas é a “História do Brasil” que foi dividida em cinco livros e narra a forma de vida na colônia, mostrando momentos interessantes dos primeiros governadores, além de registrar anedotas e a forma de falar e viver em um lugar ainda novo.

Trecho de História do Brasil:

Inopem me copia facit, disse o poeta, e disse verdade, porque, onde as coisas são muitas, é forçado que se percam, como acontece ao que vindima a vinha fértil e abundante de fruto, que sempre lhe ficam muitos cachos de rabisco e assim me há sucedido com as coisas de mar e terra do Brasil de que trato. Pelo que me é necessário rabiscar ainda algumas, que farei neste capítulo, que quanto a todas é impossível relatá-las.

Faz no Brasil sal não só em salinas artificiais, mas em outras naturais, como no Cabo Frio e além do Rio Grande, onde se acha coalhado em grandes pedras muito e muito alvas.

Faz-se também muita cal, assim de pedra do mar como da terra, e de cascas de ostras que o gentio antigamente comia e se acham hoje montes delas cobertos de arvoredos, donde se tira e se coze engradada entre madeira com muita facilidade.

Há tucum, que são umas folhas quase de dois palmos de comprido, donde, só com a mão, sem outro artifício, se tira pita rijíssima, e cada folha dá uma estriga.

Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica foi um poeta barroco brasileiro e um frade franciscano. Embora não se conheça muito da sua vida, sabe-se que foi professor na Ordem dos Frades Menores e, depois, dedicou-se à pregação. O frade foi influenciado por Camões e foi autor de “Eustáquios”, um poema sacro e que descreve o inferno e a ilha de Itaparica, termo usado em referência à cidade da Bahia.

Trecho de Eustáquios

Em o Brasil, Província desejada

Pelo metal luzente, que em si cria,

Que antigamente descoberta e achada

Foi de Cabral, que os mares discorria,

Perto donde está hoje situada

A opulenta e ilustríssima Bahia,

Jaz a ilha chamada Itaparica,

A qual no nome tem também ser rica.

 

Está posta bem defronte da Cidade,

Só três léguas distante e os moradores

Daquela a esta vêm com brevidade,

Se não faltam do Zéfiro os favores;

E ainda quando com ferocidade

Éolo está mostrando os seus rigores,

Para a Côrte navegam, sem que cessem,

E parece que os ventos lhe obedecem.

Agora que você sabe mais sobre literatura barroca, está pronto para dar um próximo passo. Escolha um bom autor e comece a ler. Dessa forma, será mais fácil para você escrever, ainda que seja um romance moderno. Mesmo os autores atuais bebem das fontes antigas. Por isso, não despreze a leitura de grandes obras.

Você já leu algum desses livros? O que achou? Comente agora mesmo este post e conte um pouco mais sobre sua experiência de leitura! Esperamos por você!

11 formas de despertar ideias para escrever um livro

“Escrever um livro”, declarado assim, numa pancada só, parece uma tarefa gigante, uma realização muito difícil. Afinal, tudo começa com um passo já muito desafiador: ter boas ideias para escrever.

A boa notícia é que não é preciso esperar a musa aparecer para começar a escrever um livro. Existem várias maneiras de estimular sua criatividade e se inspirar. Se estiver disposto a testar por si mesmo, confira nossas 11 dicas para ter boas ideias:

1. Pratique a “tempestade de ideias”

Vinda da expressão em inglês “brainstorming”, a tempestade de ideias é um método que abre mão de formalismos e sistemas definidos para deixá-las fluírem livremente. Afinal, querer colocar no papel a história do livro já pronta e organizada é um tremendo assassinato de criatividade.

Experimente, pelo menos uma vez, se concentrar no assunto sobre o qual você quer escrever e sair anotando tudo o que vier à cabeça. Depois, monte um mapa mental com tudo o que você pôs no papel, organizando as ideias por correlação. Vai ficar muito mais fácil de desenvolver sua criatividade!

2. Mantenha um caderno de bolso

Nada mais frustrante do que ter uma ideia excelente para uma história no meio da rua e, quando chegar em casa, não conseguir se lembrar dela. Por isso, é importante sempre ter um caderno ao alcance das mãos. A melhor parte é que esse hábito de tomar notas vicia com facilidade. Uma vez que isso aconteça, você terá uma nova e poderosa ferramenta de criatividade e consulta.

3. Pratique regularmente uma atividade física

Uma parte considerável de nossas boas ideias acontecem durante atividades completamente desconectadas da escrita e do trabalho — pense nas inspirações que você já teve no chuveiro, por exemplo.

Só que você não precisa ficar esperando ideias caírem do céu. A adrenalina, o bem-estar e a concentração no exercício são extremamente favoráveis para a criatividade. Além de tudo, as atividades físicas ainda melhoram sua saúde!

4. Não faça absolutamente nada

Bom, quase nada. O objetivo é deixar sua mente relaxar e seus pensamentos viajaram para assuntos que não sejam relacionados à escrita. Ouvir música pode ajudar muito na hora de quebrar sua rotina e parar tudo para devanear.

Um efeito colateral possível é começar a rir sozinho de ideias absurdas, mas isso seria um ótimo sinal! Nesse ponto, você conseguiu relaxar e está tendo novas inspirações.

5. Pratique a observação e a escuta empática

Comece observando a si mesmo. A maioria das pessoas escuta já se preparando para responder ou retrucar. Em vez disso, experimente ouvir seu interlocutor sem interrompê-lo nem uma vez.

Se você já escuta empaticamente, pode passar para o próximo passo: ir para algum lugar lotado e ouvir tudo em sua volta. Como já estará habituado a ouvir serenamente, seu cérebro não vai atrapalhar o que você ouve com julgamentos e críticas.

Observar as pessoas à sua volta com a mesma serenidade com que escuta pode ser uma mina de ouro para ter novas ideias para escrever um livro, especialmente para a criação de personagens.

6. Leia muito e assista filmes e séries

A escrita só se efetiva, de fato, quando o autor lê muito. E aqui não vale só a leitura de livros intelectuais ou uma literatura muito complexa. Reportagens em jornais e revistas, aquele informativo de empresa, notícias publicadas em portais e várias outras categorias de leitura podem ajudar você a ter uma visão mais ampla de mundo.

Assistir a filmes e séries com assuntos similares ao que você deseja abordar em sua obra pode trazer lampejos interessantes para sua mente. Não se trata de copiar ideias de outras mídias, mas sim de buscar inspiração em fontes diversas.

7. Pesquise sobre o assunto que será abordado

Vamos supor, por exemplo, que você está escrevendo um romance que se passa no período de colonização do estado do Rio Grande do Sul. Nesse caso, você não pode deixar de ler O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, que se passa em um cenário similar.

Outros autores gaúchos que escrevem literatura regionalista sobre o estado, como Simões Lopes Neto e Darcy Azambuja também podem ser fontes de consulta interessantes para a sua pesquisa.

O mesmo vale para qualquer outro assunto, época ou abordagem que você desenvolverá. O objetivo é consultar outras obras e mídias, para ter sólidos conhecimentos sobre o assunto.

8. Tenha a mente aberta

A mente de um escritor precisa estar sempre aberta para descobertas. Nunca desperdice uma ideia, por mais que ela pareça absurda em um primeiro momento.

Antes de descartar qualquer ideia, coloque-a no papel e veja como soa. Somente depois de um tempo, analise se vale a pena dar sequência a ela ou não.

9. Olhe imagens relacionadas

Assim como você deve assistir a filmes e séries e ler outras obras que tenham ligação com a sua, também pode observar imagens relacionadas. Na internet, há um portal inovador com imagens sobre qualquer tema.

Perdão se você esperava algo diferente, mas sim, o Google Imagens ajuda bastante nessa busca por novos insights. Ainda citando o exemplo de uma obra regionalista sobre o Rio Grande do Sul, você pode observar fotos dos pampas gaúchos, pinturas de artistas locais etc. Assim, você despertará boas ideias para escrever sobre a paisagem do cenário e as histórias que se passam na narrativa.

10. Converse com pessoas diferentes

Outra dica interessante para ter boas ideias para escrever um livro é estar sempre em contato com pessoas diferentes. Mas não vale ficar apenas no seu círculo familiar e de amigos.

Os seus leitores poderão ser qualquer pessoa, então puxe assunto com quem estiver na sua frente na fila da padaria, com a vendedora da farmácia etc. Com diferentes pontos de vista, você pode ter mais argumentos para desenrolar as situações em seu livro.

11. Saia da rotina para ter vivências enriquecedoras

Existem escritores que gostam de se isolar em um sítio ou chácara para terem liberdade para pensar em meio à natureza. Outros preferem ir até um café e ficar lá por horas esperando as ideias para escrever.

Não existe uma “receita de bolo” para isso. Você deve pensar em diferentes meios de sair da rotina para que possa viver experiências inusitadas e enriquecedoras. Assim, você vai deixar o seu repertório transbordando de ideias para escrever.

Com as sugestões descritas aqui, você terá uma nova perspectiva sobre como se inspirar e ter boas ideias para escrever um livro. Também não se esqueça de estudar teoria literária, pois assim você terá embasamento para escrever um livro de sucesso.

E para que você saiba como colocar as suas ideias de escrita no papel de uma vez por todas, recomendamos que baixe o nosso e-book “O guia definitivo para escrever um livro de sucesso”. Ele tem muitas dicas úteis para você!

6 melhores maneiras de se concentrar enquanto escreve

A regra de ouro dos escritores bem sucedidos é: não importa o meio, escrever qualquer tipo de texto requer concentração. Mas todo mundo já passou por um momento em que as distrações nos chamam e atraem muito mais do que a tarefa que precisamos cumprir. Você começou um blog, livro, roteiro para TV ou cinema e não está conseguindo ir em frente?

Estas 6 dicas vão te ajudar a se concentrar enquanto escreve! Acompanhe:

1. Admita que as distrações existem

Para começar, é preciso perceber que mais cedo ou mais tarde você irá se distrair. Aceite a realidade e não se sinta culpado toda vez que acontecer. Agora que você conhece o inimigo, pode se preparar melhor para derrotá-lo.

Sempre que perceber a distração se aproximando para atrapalhar, tome o controle da situação. Lembre-se do quanto é importante manter o foco.

2. Faça uma programação diária

Vimos que se concentrar enquanto escreve é vital. Mas muita gente acha que o importante mesmo é ter muito tempo disponível. Não é verdade, pois é possível administrar o tempo disponível para cumprir metas de escrita.

Olhe para as suas obrigações semanais e veja onde existe espaço para de dedicar ao que precisa escrever. Pode ser uma hora por dia durante a semana, mais a tarde inteira de sábado e a noite de domingo. O essencial é adaptar a sua realidade à sua vontade de escrever.

3. Adeque sua meta ao seu dia

Você está sem inspiração ou pegou um resfriado e precisa ficar de repouso. Quem sabe surgiu um problema e você ficou triste, com medo, sem autoestima. Sentimentos vêm e vão, mas a sua concentração na escrita deve ser constante. Tudo bem, você está cansado. Então escreva somente a metade do tempo que tinha reservado. Lembre-se que cada palavra conta.

4. Não prometa o impossível

Se o seu plano for escrever e publicar um artigo toda segunda e quarta ou completar um livro até o meio do ano, você está pedindo para se distrair. Isso acontece porque nós subestimamos o tempo necessário para terminar um texto. Além disso, não podemos controlar os imprevistos. Mantenha o seu ritmo e entregue o que cabe na sua programação diária.

5. Faça pausas regulares

Para cada 50 minutos de concentração total é importante descansar outros 10 ou 15 minutos. Sem as pausas o cérebro fica sobrecarregado e o cansaço aparece. Mas atenção, as pausas precisam ser necessariamente regulares, pois acima de 15 minutos já é o suficiente para a concentração ir embora de vez.

Nesse tempo você pode dar uma caminhada, alongar os músculos, tomar uma água ou café, qualquer coisa que alivie a tensão.

6. Escolha o ambiente ideal

Tente escrever sempre no mesmo local. Essa rotina ajuda a concentrar melhor, pois quando estiver no “local do texto” o seu cérebro já sabe que chegou a hora de produzir. O ambiente ideal deve ter uma boa iluminação, deve ser confortável, silencioso e de preferência sem telefones ou pessoas interrompendo. Se for preciso, coloque um sinal de “não perturbe” na porta.

Agora é com você! Pratique bastante. Depois de certo tempo, o hábito se encarregará de tudo e você vai se concentrar enquanto escreve com menos esforço.

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Você já ouviu falar na jornada do herói?

A jornada do herói é um padrão de narrativa identificado pelo antropólogo americano Joseph Campbell em seu livro intitulado “The hero with a thousand faces” (“O herói com mil faces” em tradução livre).

A jornada surgiu do estudo de mitos clássicos da história e hoje aparece nos dramas, contos, novelas, roteiros e demais obras literárias. Ela descreve a aventura típica do arquétipo do herói: a pessoa que sai e conquista grandes feitos em nome de um grupo ou até mesmo da civilização inteira.

Descubra os detalhes — e os 12 estágios — dessa narrativa e inspire-se para, quem sabe, aplicar essa narrativa na sua produção literária.

O mundo comum do herói

O herói é apresentado de forma simpática para que o público possa se identificar com a situação ou dilema pelo qual ele está passando. Ele está inserido num mundo que tem aspectos comuns a todos nós, de alguma forma. 

O chamado para a aventura

Algum tipo de tensão na vida do herói o está puxando em diferentes direções e causando stress. Pode ser algo externo ou uma mudança interna, mas algo agita o mundo do herói. Ele se vê impelido a sair para enfrentar uma aventura que vai ajudá-lo a resolver essa tensão.

Recusa ao chamado

O herói sente medo do desconhecido e resiste ao chamado da aventura. Geralmente outro personagem pode expressar a incerteza e perigo à frente, causando essa relutância momentânea no herói.

O encontro com o mentor

O herói encontra um mentor que dará conselhos, ensinará novas habilidades e o guiará pelos desafios do caminho. Quando não há esse mentor externo personificado, o herói pode encontrar sua coragem e sabedoria de forma interna. 

A travessia do limiar

O herói abandona o mundo comum e entra na aventura de fato. Assim, ele ingressa num mundo novo, desconhecido e perigoso.

Testes, aliados e inimigos

O herói entra de fato na aventura e enfrenta diversos testes e inimigos. Podem ser figuras reais ou apenas situações que chamam para a ação. 

A abordagem

O herói enfrenta os perigos e chega a outro estágio, que apresenta desafios maiores. Agora, o objetivo da sua jornada está se aproximando cada vez mais. 

A provação

A jornada começa a se aproximar do fim e o herói entra em um espaço central nesse novo mundo da aventura. Ele confronta a morte ou enfrenta o seu maior inimigo. 

A recompensa

O herói se apodera do tesouro — que nem sempre é material — conquistado por enfrentar a morte. Pode existir uma celebração, mas há também o perigo de perder o tesouro novamente.

A volta para casa

A volta do herói para casa com sua recompensa é o arco final da jornada. Porém, ele ainda está no mundo da aventura e os perigos ainda são reais. Muitas vezes, uma cena de perseguição sinaliza a urgência e perigo da missão.

A ressurreição do herói 

No clímax, o herói é severamente testado, mais uma vez, no limite do caminho para casa. Ele é purificado com um último sacrifício, um momento de morte e renascimento, mas em um nível mais complexo. Pela ação do herói, as tensões que se apresentavam no início da jornada estão finalmente resolvidas.

O retorno com a recompensa

O herói volta para casa com o tesouro, que tem o poder de transformar a sociedade. É nesse momento que ele, transformado pela jornada, vai utilizar seus novos conhecimentos para melhorar o seu mundo. 

Essa narrativa está presente desde em clássicos como “O Senhor dos Anéis” até em livros atuais como “Harry Potter” e “Jogos Vorazes”. 

E então, gostou do nosso conteúdo sobre a jornada do herói? Quer descobrir mais questões interessantes sobre literatura como essa? Siga-nos nas redes sociais e mantenha-se sempre atualizado.

5 dicas de séries para escritores que você precisa assistir

O cotidiano de quem se dedica a transformar fatos e emoções em palavras sempre gera uma grande curiosidade nos espectadores. Não por acaso, há um farto material disponível para quem procura por seriados de televisão que retratem as alegrias e os dilemas dos escritores.

Mesmo quando as produções apresentam personagens um pouco distantes da sua realidade, elas sempre trazem reflexões essenciais para quem está passando pelo processo de colocar no papel suas melhores histórias. Veja a seguir 5 séries para escritores que você não pode perder!

1. Castle

A trama acompanha Richard Castle, um bem-sucedido autor de dezenas de romances policiais que se transformaram em best-sellers. Boêmio e esbanjador, ele vê sua vida mudar quando sofre um bloqueio criativo — e quem nunca? — ao matar o protagonista de seus livros.

Tudo piora quando um assassino começa a reproduzir alguns crimes descritos em suas narrativas e Castle, obviamente, passa a ser o principal suspeito dos delitos. Investigado pela detetive Kate Beckett, ele prova sua inocência e passa a acompanhá-la em seus casos com o objetivo de obter material de pesquisa para suas próximas obras, algo fundamental na profissão.

2. Sex and the City

O temido bloqueio criativo também aparece em alguns episódios desse seriado que exala glamour e feminilidade. Nele, a personagem central é Carrie Bradshaw, uma escritora solteira na faixa dos 30 anos que mantém uma coluna semanal sobre sexo e relacionamentos em um jornal de Nova York.

Ignorada por muitos por seu viés fashion (a protagonista é fã assumida de sapatos e roupas de grife), Sex and the City tem sua importância por personificar na imagem de uma escritora os anseios e inseguranças das mulheres do final dos anos 90 e início do ano 2000. Suas colunas, que nas temporadas finais e nos filmes se transformaram em livros, retratam com bastante fidelidade esses dilemas e geram identificação quase imediata. Carrie é um exemplo de como se inspirar nos acontecimentos mais notáveis (ou vergonhosos) da sua vida.

3. One Tree Hill

Além do onipresente bloqueio criativo, a série também traz outro drama muito comum aos escritores: a dificuldade de lidar com a expectativa que rodeia o desenvolvimento de um segundo livro quando o primeiro foi um estrondoso sucesso.

Lá pela quinta temporada, Lucas Scott já transformou sua primeira obra em um best-seller, despertando inclusive o interesse de Hollywood, mas passa por um período complicado até o lançamento do seu segundo título, que pode consagrá-lo oficialmente como um escritor de renome.

4. Californication

Essa produção mostra que a tão almejada fama pode ter um lado sombrio, e que realizar um livro de sucesso, considerado por vários escritores como o objetivo final, pode ser só o início.

Na história, Hank Moody é o autor de um best-seller que, embriagado pela popularidade, pautou sua existência nas drogas e no sexo. Os problemas emocionais, pessoais e familiares resultantes desse comportamento acabam por impedi-lo de lançar um novo título que iguale o status do anterior.

5. Bones

Tendo a antropologia forense como ocupação principal, Temperance Brennan nos mostra que é possível sim industrializar o hobby com êxito. Escritora nas horas vagas, a protagonista de Bones obtém muito prestígio — e dinheiro — escrevendo títulos que misturam ficção aos casos criminais com que se depara no serviço.

Dona de uma legião de fãs, Brennan tem inclusive um dos seus livros transformado em filme na sétima temporada. Inspirado no trabalho da antropóloga forense Kathy Reichs, autora das obras que deram origem ao seriado, Bones terá seus últimos episódios lançados em 2017.

Criar bons personagens e desenvolver narrativas cativantes são parte de um processo difícil e satisfatório, e talvez essas séries para escritores te ajudem a perceber semelhanças com sua própria experiência.

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Você sabe como escrever uma novela?

É comum passar pela cabeça de leitores assíduos o sonho de se tornar um escritor literário. Ao ler romances, muitas vezes divagamos com a ideia de alguma história que daria um bom livro. Mas colocar no papel o enredo que imaginamos nem sempre é uma tarefa fácil e, por isso, muitos iniciantes no ramo optam por escrever uma novela. 

As novelas consistem estruturalmente em uma narrativa intermediária entre um conto e um romance. O gênero apresenta as características do romance, mas com extensão menor, menos personagens, descrições e análises, tornando a trama menos profunda. Alguns exemplos são “A Metamorfose”, de Franz Kafka, e “Gente Pobre”, de Fiódor Dostoiévski. Existem ainda aqueles que acabam sendo adaptados para as telenovelas, a exemplo de “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado. Assim, as novelas permitem o preparo para que o escritor possa se debruçar em uma história mais longa e complexa. 

Mas como iniciar a redação de uma novela? Não saber por onde começar pode ser determinante para desistir do desafio. Confira o passo a passo de como escrever uma novela, para que sua história possa virar um livro!

1. Organize as ideias

Para começar, pegue papel e caneta para destacar algumas questões estruturantes da novela. Por exemplo: descreva o conflito principal em poucas palavras (garoto encontra garota, sociedade contra o estado, catástrofes naturais e uma família). Escreva também um breve resumo da ideia, como se fosse contá-la para alguém. Lembre-se de que não é necessário manter-se rígido ao longo do processo. Permita mudar esse planejamento inicial caso seja necessário. 

2. Exercite a livre escrita

É importante que você esteja confortável para desenvolver a escrita. A dica aqui é buscar escrever de forma livre, sem medo de precisar corrigir e refazer alguns pontos no final. Esse passo consiste em deixar as ideias fluírem e a história se desenvolver. Procure colocar no papel o cenário já com as cenas, imbricando as personagens em situações, encontros e momentos.

3. Defina as personagens

Primeiramente, defina as personagens principais e secundárias. As situações e os problemas criados para desenvolver a história devem estar relacionados com a personalidade e a postura psicossocial da personagem. Mas lembre-se de que, como se trata de uma novela, as personagens não precisam ter suas características tão bem descritas, mas precisam apresentar atitudes que levam o leitor a identificar algumas características ao longo da obra. Os detalhes precisam existir para tornar crível sua história, porém não precisam ser tão abundantes como nos romances. 

4. Elabore os capítulos

Uma novela não precisa conter muitos capítulos, mas é necessário que exista uma divisão para que os pequenos conflitos conduzam a história ao clímax (o momento de maior intensidade da obra). Estabelecer o ritmo contribui com a formação de seu estilo próprio e determina o fluxo de leitura da obra.

Os capítulos são também uma oportunidade de destacar momentos importantes para o desfecho. Pense que cada parte do livro deve ser essencial e indispensável ao grande final, podendo conter situações mais leves e superficiais para preencher os espaços. 

Caso sua novela possua diferentes núcleos, como “pobre” e “rico”, busque desenvolvê-los em cada sessão separada, pois muitas vezes esses núcleos não estão conectados diretamente e possuem problemas autônomos. Se você busca que sua novela seja adaptável para televisão, essa é uma medida importante para determinar também os episódios da narrativa. 

5. Finalização

Para determinar que a sua novela esteja pronta, permita que terceiros a leiam. Após desenvolver a livre escrita, reler sua obra e fazer os ajustes necessários, forneça algumas cópias a amigos que possam opinar. Essa atitude permite identificar possíveis lacunas e problemas de compreensão do conteúdo, solucionando-os antes da divulgação. 

Outro passo importante é nomear sua novela de acordo com o conteúdo. O título pode ser o fator de atração que levará uma pessoa a ler sua obra ou assistir a novela adaptada. 

Nossas dicas foram úteis para você desenvolver sua primeira obra com facilidade? Aproveite para deixar um comentário nos contando como esses passos te estimularam a escrever uma novela!