Os professores e psicólogos José Cavalcante Lacerda Júnior e Maria Inês Gasparetto Higuchi lançam a obra “A Cidade pelas Crianças”, que busca compreender o processo de percepção ambiental da cidade entre as crianças a partir de suas vivências artísticas realizadas em uma escola de artes. Os autores, que atuam na área ambiental, buscam lançar um olhar voltado ao universo infantil que compõe as cidades durante o crescente processo de urbanização que ocorre no século XXI.
O autor José é também graduado em Filosofia e possui mestrado em Educação em Ciências na Amazônia e doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Em entrevista ao Blog Autografia, ele fala um pouco mais sobre a obra: “Historicamente, a cidade, como espaço de encontros, foi projetada ao universo adulto, deixando as crianças à margem das discussões. O livro em tela é um convite a escuta das crianças. E mais, é um reconhecimento das crianças como sujeitos”.
A ideia de produzir o livro “A Cidade pelas Crianças” surgiu ao José iniciar seu trabalho como psicólogo em uma escola de artes. No período, ele percebeu o quanto as crianças tinham naquele espaço a chance de configurar outras possibilidades com a cidade: “Os espetáculos produzidos, as apresentações dos corais, as performances realizadas pela dança, as exposições das artes visuais oportunizam às crianças um contato com a cidade de forma diferenciada. O deslocamento, as vivências e atuações, os encontros promovidos no bojo das vivências artísticas podem indicar possibilidades de uma interação com a cidade pela ótica da fruição. Isso é encantador!”, explica o autor.
A obra foi produzida em conjunto entre José e Maria Inês, professora da Universidade Federal do Amazonas e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, com mestrado em Ecologia Humana pela Michigan State University e doutorado em Antropologia Social pela Brunel University of London (1999): “Maria Inês tem um refinamento metodológico sem igual, foi o nosso centramento científico. Escrever, por vezes, pode tomar rumos que se distanciam do fazer científico, e a professora Maria Inês foi o porto seguro que conduziu o processo”, relata José.
Para o autor, publicar o livro é uma alegria e traz a sensação de colaborar nas discussões sobre a infância atualmente: “Como sujeitos, as crianças estão na cidade. Pensam a cidade. Vivenciam a cidade. Nesse sentido, nossa expectativa é que abra-se não somente um lugar de reflexão, mas de reconhecimento das crianças. Elas precisam falar. Elas falam. Elas estão aí e precisamos reconhecer e aprender com elas a convivência na ‘pólis’ contemporânea. O ideal que atravessa o livro é esse: investigar com crianças é um exercício político de reconhecer da outridade, necessidade urgente em nossos tempos”, finaliza.