Muitas vezes, alguém tem uma excelente ideia na cabeça mas não sabe exatamente como começar a escrever um livro, pois tem dificuldade em materializar os pensamentos para transformá-los em um bom conteúdo. Assim, a primeira linha ou o primeiro parágrafo de uma obra podem demorar anos para serem escritos.
Começar uma narrativa com o famoso “Era uma vez…” até pode funcionar, mas, dependendo do gênero, não vai ser suficiente. Então, que atitudes o escritor pode tomar para iniciar seu escrito?
No post de hoje, apresentamos algumas formas de começar a organizar suas ideias no papel. Continue a leitura para saber mais!
1. Não comece pelo começo
Este conselho pode parecer estranho, mas não é. O desenvolvimento da versão oficial do livro dificilmente se dá na primeira tentativa. Isso porque as reescritas costumam ser tantas que podem surgir várias mudanças até que a obra seja finalizada.
E, dependendo do gênero literário, não adianta mesmo querer começar pelo começo! Um livro de poemas, por exemplo, pode ser reestruturado várias vezes até que se decida qual poesia é ideal para iniciar a obra.
Já as primeiras páginas de um romance dependem de muitos fatores: pode ser que você decida contar a história cronologicamente; depois, percebe que é possível criar um mistério inicial que será explicado mais para frente; ou quem sabe decide começar revelando um acontecimento impactante!
O ideal é montar um esqueleto dos acontecimentos do livro para poder testar alternativas de início, assim você consegue definir melhor como construir a introdução da história.
2. Comece pelo protagonista
Muitos escritores profissionais iniciam a escrita de suas narrativas pela construção do protagonista. Isso é válido porque, dependendo do perfil da personagem principal, você define qual caminho seguir. Com o protagonista constituído, você consegue pensar qual fase da vida dele o livro vai abordar, por exemplo, e isso te ajuda a montar o eixo da história.
Se seu livro tiver um protagonista adulto, ele poderia começar com uma fala enigmática ou em uma cena de crime — mas é claro que isso vai depender muito de o que você quer contar a respeito dessa personagem e, principalmente, do gênero literário que você está criando.
3. Defina o gênero e tema da obra
Ter um gênero literário em mente ao começar a escrever é fundamental, pois isso faz com que você decida diversos aspectos da obra, como:
- tamanho (quantidade de páginas) do livro;
- se contará uma história única ou se será uma coletânea;
- quais temas serão abordados e como abordá-los.
Para saber qual gênero combina com seu conteúdo, é fundamental conhecer os tipos de textos existentes: romances de aventura, policial, ou de fantasia; poemas; crônicas; contos; estudos acadêmicos; manuais técnicos; materiais didáticos… São muitos os gêneros existentes!
Para compreendê-los, nada melhor do que ler obras de cada tipo e perceber suas características. Uma dica válida é desenvolver seu texto de acordo com o gênero que você mais gosta. Assim, pode ser que sua escrita flua melhor, já que você conhece bem como esse gênero funciona.
A mesma dica é válida na hora de definir o tema: quanto mais afinidade você tenha com o assunto a ser abordado no livro, melhor. Escrever sobre o que você gosta, ou sobre algo que domina, é prazeroso para você mesmo e aumenta as chances de os leitores gostarem do texto, pois eles vão se dar conta de que o livro foi feito com expertise e qualidade.
4. Pense no público-alvo
Por falar em seus leitores, a escolha dos temas e do gênero também está intrinsecamente ligada a eles. Por isso, imagine o perfil de uma pessoa que represente o seu leitor ideal: pense na idade, sexo, crenças e gostos pessoais. A partir disso, sempre que escrever algo, avalie se essa pessoa se interessaria pelo gênero literário, pelos temas abordados e se a linguagem está adequada a ela.
Analise, também, pesquisas sobre os perfis dos leitores. Se você acha um dado que diz que 80% dos jovens de 12 a 16 anos não gostam de poesia, e seu público-alvo é justamente esse, você já sabe em qual gênero não vale a pena investir. Mas, se você for ousado e, assim mesmo, quiser escrever poesia para jovens, pode desafiar-se a construir os textos tentando conquistar esse público.
5. Atente-se a frases inquietantes
Não é difícil ouvir escritores relatarem que começaram um romance com uma frase que escutaram em um ônibus ou metrô. Eles ouvem algo quando passam por uma rua e pronto: aquela frase fica na memória. O autor pode até anotá-la — ou simplesmente decorá-la — e trabalha a partir dela.
Por falar em anotar, é válido ter um bloquinho com você, no qual possa escrever o que vai ouvindo na sua rotina, ou para registrar uma ideia que surja de repente — especialmente se você tem memória fraca.
O que é dito por outras pessoas pode despertar um argumento, um parágrafo ou, até mesmo, um livro inteiro. Por isso, fique atento: as conversas e frases ao seu redor podem ser uma fonte infinita de inspiração!
6. Inspire-se também no que você observa
Escritores costumam estar atentos a acontecimentos sociais, políticos, histórico ou banais, e isso faz deles bons observadores. Assim como as frases ouvidas por aí, uma situação vivida ou observada — ou mesmo inventada, mas inspirada na realidade — pode ser o começo da construção de uma boa história.
Um tempo depois, essa observação transforma-se em um roteiro ou um esboço dentro da sua cabeça e, quando você se dá conta, já está com o poema, romance ou conto completamente articulado.
7. Esteja em contato com outros textos
É quase impossível ser totalmente original. Muitas histórias de sucesso são inspiradas não só em fatos cotidianos, mas em leituras de outras narrativas, matérias de jornais ou revistas, roteiros de TV ou cinema etc. E não há problema em buscar inspirações em modelos como esses!
O que interessa é formar um bom repertório de fatos, tanto verossímeis quanto absurdos, a partir dos quais você terá referências para enriquecer sua obra. Mas lembre-se: inspirar-se não significa plagiar (copiar totalmente as ideias). Na verdade, a leitura serve de fonte de aprendizado para um escritor. Foi inspirando-se em outros textos que muitos tiveram ideias que viraram obras interessantíssimas.
Um bom exercício nesse sentido (para inspirar-se em outras obras) é observar como esses textos começam, quais são suas frases iniciais e como elas prendem o leitor assim que ele inicia a leitura.
8. Leia também sobre técnicas de escrita
Conhecer a teoria por trás da escrita também é importante para um escritor que deseja ter um livro publicado. É por isso que vale a pena não somente ler textos para familiarizar-se com os gêneros literários, mas também entender a estrutura de cada gênero e estudar técnicas de escrita.
Com isso, busque por literatura especializada e até mesmo por atividades práticas. Você pode se valer de:
- manuais de redação;
- dicas sobre gramática e ortografia;
- exercícios de criação literária;
- estruturas de cada gênero;
- cursos de redação literária/científica/jornalística etc.
9. Não abra mão da revisão e edição
No processo de escrita, extrair as ideias da cabeça para o papel é a questão principal. Com isso, é normal que a correção gramatical e a coerência sejam negligenciadas. Apesar disso, você não pode se esquecer por completo desses aspectos. É preciso, sim, submeter seu texto a uma edição e revisão.
Após escrever as primeiras páginas, deixe o texto de lado e retome-o após alguns dias para fazer uma leitura focada em identificar erros de gramática e ortografia, e para verificar se não há contradições ou trechos incompreensíveis.
Idealmente, alguém mais deve fazer essa leitura crítica do seu texto, preferencialmente um editor e um revisor profissionais. Se um especialista puder ajudar, desde o princípio, com a melhoria do seu texto, isso aumentará consideravelmente a chance de você finalizá-lo com qualidade antes de publicá-lo.
É com a prática que cada pessoa descobre como começar a escrever um livro, mas esperamos que as dicas deste texto facilitem seu processo de criação. Se o seu problema não diz respeito a como começar a obra, mas sim a como não se perder na hora de redigir o texto, sugerimos que você conheça nossas 4 dicas de redação para escrever um livro!